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Primeiro estranhei ver uma fotografia de perfil de Sarkozy na sua nova conta do Twitter, criada para a campanha eleitoral. Mandam as regras que os candidatos olhem de frente, com olhar simultaneamente franco, leal, sereno e positivo para os seus potenciais eleitores.
Depois fui ver a conta Obama Biden, criada com os mesmos objectivos.
E percebi tudo. Incluindo as semelhanças despudoradas e as diferenças abissais.
E você, que diferenças encontra?
Numa excelente infografia, a empresa de monitorização de media Press Index faz uma resenha histórica da indústria de relações públicas. A história vai desde o termo "Propaganda" cunhado no século 17 pela Igreja Católica até à criação do conceito PR 2.0 por Brian Solis no final do século 20. Thomas Jefferson terá sido a primeira pessoa a usar o termo Public Relations, num discurso ao Congresso e a primeira agência de RP nasceu em 1900 nos Estados Unidos. São ainda evocados os grandes protagonistas da indústria, como Ivy lee e Edward Bernays. Por ser uma história contada na óptica anglo-saxónica, tem uma falha grave: não menciona lpm.
Já tinha avisado o Rui Calafate que ia escrever sobre isto. O Rui escreveu um post no seu blog e depois na briefing, a propósito da "fonte próxima da direcção do Sporting" que, aparentemente, induziu a Lusa em erro, ao atribuir as razões da dispensa de Domingos Paciência a contactos com o FCP. No caso, o Rui defende a identificação da fonte pela Lusa.
Mas não é sobre esse tema que eu quero falar.
Do que discordo, em ambos os textos do Rui Calafate, é da sua utilização do termo "spinning" e "spin doctor", associando-os à transmissão de mentiras, falsidades e difamações.
É uma associação recorrente, e a vox populi gosta de associar as chamadas agências de comunicação e os chamados assessores de imprensa a práticas pouco éticas. Não nos cabe a nós, profissionais, cavalgar nessa onda.
Acontece que o trabalho de mentir, falsear e difamar não corresponde ao termo. Os spin doctors, de que o nosso antepassado Edward Bernays é o expoente máximo, não mentem, trabalham a informação "de forma criativa", com o objectivo de favorecer uma determinada interpretação dos factos.
Entre as várias técnicas de spin, utiliza-se frequentemente o "cherry picking", que consiste em usar selectivamente os factos ou números que suportam uma posição, ou o lançamento de um facto positivo que desfocalize de notícias menos favoráveis, etc.
Tudo temas que hoje são mais que debatidos e até identificados por não profissionais como técnicas, contestáveis ou não, mas dentro da verdade, mesmo que uma verdade parcial.
Para mentiras e falsidades o nome é outro, bem mais simples: mentirosos.
Se a "fonte" da Lusa inventou um facto, essa fonte não fez spin. Mentiu, simplesmente.
Na crise está sempre uma oportunidade. Deve ter sido isso que viram os monárquicos para, numa altura em que todo um continente está à deriva, lançarem um manifesto pela restauração da monarquia.
Irei pois com grande curiosidade assistir ao debate promovido pelo BAR-man João Gomes de Almeida esta noite no Frágil. Não sei se tem presença confirmada, mas o debate que mais me entusiasmaria seria o do José Adelino Maltês com o José Adelino Maltês, que tinha há uns dias a seguinte posta no facebook: "Para os devidos efeitos, reafirmo que não faço parte, como sócio ou dirigente, de nenhuma associação republicana nem monárquica. Mas nem por isso deixo de reivindicar a minha qualidade de republicano e monárquico. Assumindo a necessidade de restaurarmos imediatamente a república. Para podermos, livres, assumir a libertação. Sou contra os monárquicos que apenas são anti-republicanos e contra os republicanos que apenas são anti-monárquicos. Isto é, contra os que, matando o rei, assassinaram a república. Prefiro o armistício moral da paz dos bravos, em nome da pátria."
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