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Casual Friday Make it Double

por Alda Telles, em 26.10.12

 

Não podíamos deixar passar em branco a estreia do último 007, que é mesmo hoje. 

A imagem acima, que resultou de uma breve pesquisa guglo-imagética, é a minha reconciliação com o século XXI, o grande século do underwear masculino.

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Jovem, alista-te nas Public Relations!

por Alda Telles, em 10.10.12

 

As notícias sobre despedimentos massivos nos media atropelam-se. O caso mais recente do Público, com um despedimento colectivo de 48 pessoas, é a face mais visível e chocante de um prenúncio de hecatombe.

Por cá, passou ao lado o caso ainda mais grave do El País, com o despedimento de 128 jornalistas, um quarto da sua redacção.

 

O fenómeno é, contudo, global. E esta angústia que se sente não tem consolo na teoria de que o problema é o mau jornalismo, a incapacidade de adaptar modelos e outras leituras do mesmo nível de sapiência superior.

 

A angústia vem de se saber que a extinção de cada posto de trabalho de jornalista, a morte de cada meio de comunicação social, é um pouco da morte da democracia tal como a conhecemos - ou idealizamos -  na sua dimensão de pluralidade de informação e de opinião.

 

Como se isto não bastasse, surgem as teorias do fim do mundo: os jornalistas vão ser substituídos por uma horda de mercenários das relações públicas. A semana passada, o blog de Roy Greenslade no Guardian titulava um bombástico "More PRs and fewer journalists threatens democracy". Baseado em números dos Estados Unidos, Greenslade descobre que há uma proporção de 4 profissionais de Public Relations para 1 jornalista. Com tendência para aumentar.


Tal desigualdade pressupõe que vão acabar os "filtros" jornalísticos para garantir uma informação isenta e transparente. E, simultaneamente, pressupõe que a indústria de relações públicas continuará a florescer e a inundar a opinião pública de "press releases" formatados aos seus interesses.


Pela parte que me toca, como profissional de relações públicas, concordo com o título de Greenslade. Mas não pelas suas razões. Considero que há um risco de democracia porque as relações públicas só fazem sentido numa sociedade mediática plural e competitiva. À medida que se reduzem meios de referência e proliferam plataformas de comunicação desreguladas, decresce a importância e a vantagem competitiva dos profissionais.


Um dos pilares das relações públicas é a capacidade de influenciar opinião através da partilha de factos  e argumentos. Um bom profissional é aquele que melhor consegue partilhar esses factos e argumentos. Implica trabalho, estratégia, ética e capecidade de persuadir pela qualidade dos seus argumentos.

Quando já não houver interlocutores válidos para esse trabalho, qualquer um pode "distribuir" informação, em blogs, redes sociais e distribuidores automáticos de conteúdos.


Democracia pressupõe transparência, mas exige gate-keepers profissionais, de um lado e do outro. Democracia mediática não se sustenta numa lógica de caixas de comentários. Não foi para isso que estudámos e aprendemos com os melhores.


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"Isto cheira-me a Cacharel". Apanhei  esta frase no facebook do jornalista Rui Oliveira Marques, a propósito de uma notícia de desporto que lhe parecia “cozinhada”.

Parece-me resumir bem o efeito da acção de marketing "virulento" que explodiu ontem nos media.

 

Não é a primeira vez, nem será a última, que é criada uma acção de marketing com propósitos “virais” que começa com um teaser, seja um spot de televisão, um  filme no youtube ou uma história no facebook produzido pela marca mas onde a marca não é identificada. Não foi por aí que a Cacharel foi original.

 

A grande originalidade está no facto desta acção ter sido apropriada pelos media e pela sociedade como uma verdadeira história de cinderela. E da marca nada ter feito para a abortar, evitando os danos de reputação  que veio a sofrer, como a criação de uma página de ódio  no facebook , no mesmo sítio onde tinha gerado uma página de amor colectivo. O viral tornou-se virulento.

 

No final, este pesadelo comunicacional resumiu-se em duas comunicações patéticas, por parte da marca e por parte do meio de comunicação que mais se envolveu nesta história, a TVI.

 

Diz a porta-voz da marca que esta era  "uma campanha que se pretendia de marketing digital", mas que extravasou as redes sociais, tendo saído "do controlo das equipas". "Não havia intenção de gerar notícia e acabou por ultrapassar os limites" do digital.” (Tradução: quiseram acreditar na história, azar o vosso).

 

A TVI pediu desculpas aos telespectadores, proclamou-se enganada e rematou com um conpungente  “Não desistiremos de encontrar um Ricardo e uma Diana verdadeiros”. (Tradução: continuaremos a deixar-nos enganar, se é disso que o nosso povo gosta, e depois pedimos desculpa).


Fica a sensação que, como vem sendo hábito a todos os níveis da sociedade, ninguém aprende com os seus erros. O que nos deixa uma triste perspectiva do futuro.

 

 

 

Actualização: a peça de "mea culpa" da TVI

http://www.tvi24.iol.pt/videos/video/13711179

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