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Massamá em Évora

por Alda Telles, em 22.05.11

 


E eis que o tiro de partida da campanha do PS começa com um tiro no pé. De uma peça de 3 minutos sobre o comício de Évora, cerca de metade são dedicados a identificar a origem dos apoiantes. Não sei quantos seriam, em proporção do total (podiam ser só a dúzia que a televisão mostrou), mas o foco da atenção foi em figurantes de origem africana, trazidos de autocarro, de terras longínquas como Corroios ou Rio de Mouro. Um dos entrevistados deu mesmo a entender que tinha sido contactado pela embaixada de Moçambique (?). Li também que haveria "paquistaneses" que não falam uma palavra de português. Curiosidades a que não faltou a menção ao lanche oferecido a uma criança por "um senhor que estava ali".


 


Esta montagem cénica - insinuando as dificuldades em encher com eborenses a Praça do Giraldo - presta-se, de borla, ao seu aproveitamento, não apenas jornalístico (tem interesse jornalístico) mas aos opositores do PS e aos críticos da "plasticidade" da comunicação da "máquina de Sócrates".


 


Recordo que o Partido Socialista se prestou ao mesmo tipo de enxovalho quando vieram, ridicula e desnecessariamente, camionetes de alentejanos para a noite das eleições autárquicas vencidas por António Costa.


 


Estes expedientes sovietizados, eximiamente utilizados pela CGTP, têm criado sistematicamente efeitos mediáticos negativos para os partidos. O "efeito de sala cheia" é aniquilado com o spin da encenação. Mas parece que a lição ainda não está suficientemente aprendida.


 


Em simultâneo, os comentários jocosos que se vão lendo nas caixas de comentários e no twitter - dos "africanistas de Massamá" aos "pakis" e "kéfrô" do Martim Moniz em Évora, vão imprimindo a esta campanha uma novidade: o racismo e a xenofobia como armas (subtis) de arremesso político. Um dos muitos indícios do declínio de uma sociedade que já foi bem mais cosmopolita e universalista. Mas isso seria matéria para outro post, que não me apetece escrever.


 


Adenda: descobri entretanto a "estória" dos "paquistaneses do Martim Moniz"

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3 comentários

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Guardiola a 22.05.2011

Á única questão pertinente neste seu post é porque não lhe apetece escrever sobre "o racismo e a xenofobia como arma de arremesso politico". De resto a peça dos Balsemão boys é recorrente em todas as campanhas e tambem continua a não ser novidade que em portugal o escrutínio mediático/jornalistico é desigual e tendencioso. O que me leva a uma segunda questão. Porque é que pessoas que trabalham para e com os media nunca mas nunca referem o facto da maior parte dos projectos jornalisticos serem editorialmente de direita? Deixar isso de fora de qualquer análise seja a peças jornalisticas seja a votos massivos de comentadores apos debates televisivos seja ao que for que seja transmitido é descredibilizante para quem o faz porque pode ser confundido com subserviência e falta de coragem.
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cc a 22.05.2011

essa de avaliar o declínio da sociedade através dos comentários do twitter e blogues é fantástica.
vai dar prémio nobel de qualquer coisa.
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atelles a 23.05.2011

Pode acrescentar-lhe os inúmeros artigos da intelligentsia nacional

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