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E eis que o tiro de partida da campanha do PS começa com um tiro no pé. De uma peça de 3 minutos sobre o comício de Évora, cerca de metade são dedicados a identificar a origem dos apoiantes. Não sei quantos seriam, em proporção do total (podiam ser só a dúzia que a televisão mostrou), mas o foco da atenção foi em figurantes de origem africana, trazidos de autocarro, de terras longínquas como Corroios ou Rio de Mouro. Um dos entrevistados deu mesmo a entender que tinha sido contactado pela embaixada de Moçambique (?). Li também que haveria "paquistaneses" que não falam uma palavra de português. Curiosidades a que não faltou a menção ao lanche oferecido a uma criança por "um senhor que estava ali".
Esta montagem cénica - insinuando as dificuldades em encher com eborenses a Praça do Giraldo - presta-se, de borla, ao seu aproveitamento, não apenas jornalístico (tem interesse jornalístico) mas aos opositores do PS e aos críticos da "plasticidade" da comunicação da "máquina de Sócrates".
Recordo que o Partido Socialista se prestou ao mesmo tipo de enxovalho quando vieram, ridicula e desnecessariamente, camionetes de alentejanos para a noite das eleições autárquicas vencidas por António Costa.
Estes expedientes sovietizados, eximiamente utilizados pela CGTP, têm criado sistematicamente efeitos mediáticos negativos para os partidos. O "efeito de sala cheia" é aniquilado com o spin da encenação. Mas parece que a lição ainda não está suficientemente aprendida.
Em simultâneo, os comentários jocosos que se vão lendo nas caixas de comentários e no twitter - dos "africanistas de Massamá" aos "pakis" e "kéfrô" do Martim Moniz em Évora, vão imprimindo a esta campanha uma novidade: o racismo e a xenofobia como armas (subtis) de arremesso político. Um dos muitos indícios do declínio de uma sociedade que já foi bem mais cosmopolita e universalista. Mas isso seria matéria para outro post, que não me apetece escrever.
Adenda: descobri entretanto a "estória" dos "paquistaneses do Martim Moniz"
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